Sínodo da Sinodalidade – 2021 a 2024: o que você precisa saber como católico

“O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio” (Papa Francisco).

A palavra sínodo vem do grego e significa comunhão. Logo, o desejo do Espírito é que caminhemos juntos, tendo Cristo como nosso referencial.

a Igreja Católica, ao longo de sua história, deu passos de aprendizagem sobre a sinodalidade. Foi principalmente no Concílio Vaticano II que ela percebeu com clareza que o melhor jeito de ser e de caminhar, para bem cumprir a sua missão, é o “jeito sinodal”. 

No entanto, essa missão exige preparação e conversão de todos ao projeto de Deus, para vivermos como Jesus e o Pai, em comunhão. O Documento Preparatório (DP) do Sínodo diz que esse caminho é ao mesmo tempo um dom e uma tarefa…mas o Espírito Santo nos guia.

Sendo assim, a sinodalidade permite que todo o povo de Deus caminhe junto, escutando o Espírito e a Palavra, para participar na missão da Igreja e na comunhão que o Senhor deseja para nós. E percorrer juntos este caminho é a melhor forma de testemunhar Cristo.

Objetivos da sinodalidade

A Igreja reconhece que a sinodalidade é parte essencial de sua verdadeira natureza. A comunhão explica-se nos Concílios ecuménicos, nos Sínodos dos Bispos, nos Sínodos diocesanos e nos conselhos diocesanos e paroquiais que marcam a história. 

Mas diante das constantes mudanças, o Sínodo não pode se limitar a documentos, nem reuniões. Por isso, que o DP faz questão de ressaltar que a sinodalidade não é um slogan, mas um estilo, uma forma de ser pela qual a Igreja vive no mundo.

Logo, o objetivo deste Processo Sinodal não é proporcionar uma experiência temporária ou única de sinodalidade, mas proporcionar uma oportunidade para todo o Povo de Deus discernir em conjunto como progredir no caminho para ser uma Igreja mais sinodal a longo prazo (DP 1.3).

Dessa forma, o atual Sínodo tem como meta escutar, com todo o Povo de Deus, o que o Espírito Santo está a dizer à Igreja, sem preocupar-se em apenas produzir um documento, mas fazer florescer a esperança, a confiança e tecer relações novas e mais profundas (DP 32)

Tema do Sínodo

O tema do Sínodo é “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”. Essas três dimensões do tema estão profundamente ligadas; são pilares que sustentam a sinodalidade, sem hierarquia entre elas, ao contrário, elas se enriquecem e se orientam.

Para melhor compreensão, o Documento Preparatório esclarece bem o significado: 

#Comunhão

A comunhão que partilhamos encontra as suas raízes mais profundas no amor e na unidade da Trindade. Juntos, somos inspirados pela escuta da Palavra de Deus, através da Tradição viva da Igreja, e com base no sensus fidei que partilhamos. Todos temos um papel a desempenhar no discernimento e na vivência do chamamento que Deus faz ao seu povo.

#Participação

Um chamamento ao envolvimento de todos os que pertencem ao Povo de Deus – leigos, consagrados e ministros ordenados – para se empenharem no exercício de uma escuta profunda e respeitosa uns dos outros. Esta escuta cria espaço para ouvirmos juntos o Espírito Santo e guia as nossas aspirações para a Igreja do Terceiro Milênio. 

#Missão

Este Processo Sinodal tem uma dimensão profundamente missionária. Empenha-se em deixar que a Igreja testemunhe melhor o Evangelho, especialmente com aqueles que vivem nas periferias existenciais do nosso mundo. 

Deste modo, a sinodalidade é um caminho pelo qual a Igreja pode cumprir mais frutuosamente a sua missão de evangelização no mundo, como fermento ao serviço da vinha do Reino de Deus.

Os passos do Sínodo

A sinodalidade não é um sonho, porém um caminho a percorrer, com passos concretos, que têm ações bem definidas, em vários momentos ao longo de três anos. Lembremos sempre que exige o esforço de cada um de nós que amamos Jesus e a sua Igreja.

A primeira fase do Processo Sinodal é uma fase de escuta nas Igrejas locais. Após a celebração de abertura, que aconteceu em Roma, no sábado, 9 de outubro de 2021, começou a fase diocesana em 17 de outubro de 2021. 

Grande parte da riqueza desta fase de escuta veio de discussões entre paróquias, movimentos laicais, escolas e universidades, congregações religiosas, comunidades cristãs de bairro, ação social, movimentos ecumenicos e inter-religiosos e de outros grupos.

Após a fase diocesana, as Conferências Episcopais e os Sínodos das Igrejas Orientais são chamados a discernir e elaborar uma síntese mais ampla através de uma Reunião Pré-Sinodal da sua responsabilidade. Estas sínteses serão então base para a primeira edição do Instrumentum Laboris, que será publicado pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos.

Começa então a fase continental

Este Instrumentum Laboris inicial será o “documento de trabalho” para as sete reuniões continentais: África (SECAM), Oceânia (FCBCO), Ásia (FABC), Médio Oriente (CPCO), América Latina (CELAM), Europa (CCEE) e América do Norte (USCCB e CCCB). 

Estas sete reuniões internacionais produzirão, por sua vez, sete Documentos Finais que servirão de base para o segundo Instrumentum Laboris que será utilizado na Assembleia do Sínodo dos Bispos em outubro de 2023.

A Assembleia do Sínodo dos Bispos

Os bispos e os auditores estarão reunidos com o Papa Francisco na Assembleia do Sínodo dos Bispos em Roma, em outubro de 2023, para falarem e escutarem uns aos outros, com base no Processo Sinodal que teve início a nível local. 

O objetivo do Sínodo dos Bispos não é o de ofuscar a Conferência Episcopal/Sínodo das Igrejas Orientais e as fases continentais, mas o de discernir a nível universal a voz do Espírito Santo que falou em toda a Igreja.

A fase de implementação

Uma vez que este Sínodo visa promover um novo estilo de viver a comunhão, participação e missão da Igreja, a fase de implementação será fundamental para percorrermos juntos o caminho da sinodalidade. 

A esperança é que a experiência do Processo Sinodal dê origem a uma nova primavera para a escuta, o discernimento, o diálogo e a tomada de decisões, de modo que todo o Povo de Deus possa caminhar sob a orientação do Espírito Santo.

Rezemos como Igreja

Por fim, Sinodalidade é esforço e busca coletiva no desejo de aprendermos constantemente a “caminhar juntos” como irmãos e filhos de Deus. É um jeito de ser Igreja em que cada pessoa é importante, tem voz, é ouvida, capacitada e envolvida na realização da missão.

Segundo o diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa (padre Frédéric Fornos)

“… o Papa Francisco nos convida a rezar para que ‘a escuta e o diálogo’ sejam o ‘estilo de vida em todos os níveis’ da Igreja, pois é uma graça…” 

E essa escuta começa pela oração, logo todos precisamos rezar porque os frutos da sinodalidade alimentará todos nós e fortalecerá nossa alma para caminharmos melhor diante dos desafios dos tempos atuais.

Façamos juntos a oração pelo Sínodo:

Aqui estamos, diante de Vós, Espírito Santo: estamos todos reunidos no vosso nome. Vinde a nós, assisti-nos, descei aos nossos corações. 

Ensinai-nos o que devemos fazer, mostrai-nos o caminho a seguir, todos juntos. Não permitais que a justiça seja lesada por nós pecadores, que a ignorância nos desvie do caminho, nem as simpatias humanas nos torne parciais, para que sejamos um em Vós e nunca nos separemos da verdade. 

Nós Vo-lo pedimos a Vós que, sempre e em toda a parte, agis em comunhão com o Pai e o Filho pelos séculos dos séculos. Amém.

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