A Missa parte por parte: como participar melhor do mistério que celebramos

A missa não é um espetáculo, nem um show, muito menos algo repetitivo. A missa é o maior louvor que oferecemos a Deus por tudo que Ele faz e principalmente por quem Ele é. Portanto, quem se relaciona com Deus sabe o quanto a missa é importante.

Mas às vezes não entendemos o que acontece no rito da santa missa! Isso é natural, uma vez que ela tem uma estrutura fixa, já consolidada pela Tradição da Igreja e inclusive universal, não importa em que continente a gente esteja, ela tem a mesma sequência.

Por isso, preparamos este material para que, além de participar com o coração, você compreenda as partes da missa, sua estrutura, os gestos e como acompanhar melhor cada celebração que você participar. 

A missa é ação de graças, sacrifício e páscoa

A palavra ‘missa’ vem do latim missio, que significa despedida ou envio. Ao final da celebração, o sacerdote despedia o povo, por isso passou a se chamar de missa. Mas a missa é ao mesmo tempo eucaristia, sacrifício e páscoa.

Chama-se eucaristia, porque significa ação de graças. A missa é uma fonte de ação de graças: o Pai dá graças pelo Filho, este agradece ao Pai com a presença do Espírito Santo.

A Trindade também dá graças pela criação e a humanidade agradece ao Criador, juntamente com toda a natureza.

Enquanto sacrifício, essa palavra tem a mesma raiz grega de sacerdócio, ou seja, dom sagrado. Sacrifício, então, significa o que é feito sagrado. E Jesus representa toda a humanidade que se oferece em sacrifício a Deus e devolve toda criação para o Pai. 

Por fim, a missa também é Páscoa, ou seja, passagem! Como Moisés libertou o povo da escravidão do Egito, Jesus – o novo Moisés – realiza a páscoa definitava e nos tira da escravidão do pecado, por isso celebramos esse acontecimento sempre. Se possível, todos os dias, ou, de preferência, aos domingos – nossa páscoa semanal. 

A Missa tem um sentido em cada parte

Assim como a vida de Cristo tem sentido, a missa é organizada de forma que tudo faz sentido e nos remete a Cristo. Sejam as leituras, os gestos, a homilia, o povo que celebra e o sacerdote – o presidente da celebração. Nada acontece por acaso, observe:

A Missa é dividida em quatro partes, são elas: os Ritos Iniciais, o Rito da Comunhão, o Rito da Paz e os Ritos Finais; e cada parte tem suas subdivisões. Observe agora o porquê e como acontece essa divisão.

Primeira parte: Ritos Iniciais

É o início da missa. Ele nos prepara para acolher a Palavra de Deus que será proclamada na Liturgia da Palavra. Como o nome diz, são iniciais: introdução do comentarista, canto inicial, entrada do sacerdote e o sinal da cruz.

Neste momento, a procissão de entrada e o povo em pé simbolizam a eterna peregrinação à terra prometida! Estamos a caminho e Cristo vai à nossa frente na pessoa do sacerdote, é ele quem faz age in persona Christi, ou seja, na pessoa de Cristo e nos conduz para o Pai.

No Ritos Iniciais da santa missa, estão presentes ainda: o ato penitencial, o canto de glória e a oração da coleta. O pedido de perdão é muito importante, ele nos perdoa das faltas leves e prepara para irmos adiante com o coração aberto a acolher a voz do Pastor.

O hino de louvor é inspirado no canto dos anjos no nascimento do Salvador (Lc 2,14), tem um texto fixo, que pode ser tanto cantado quanto rezado, e tem Cristo como centro da mensagem. 

Logo após é a oração da coleta, o ‘oremos’, feito pelo padre e que reúne todas as orações da comunidade e apresenta ao Pai por meio de Cristo.

Segunda parte: Rito da Palavra

A Palavra de Deus é a primeira fonte de anúncios das maravilhas que o Senhor realiza em benefício do Seu povo; ela narra a nossa história de salvação, por isso é proclamada e deve ser ouvida com atenção por toda a assembleia, porque a fé entra pelos ouvidos (Rm 10,17) 

A liturgia da Palavra muda de acordo com o ano, o tempo e o dia. O ano litúrgico é dedicado a um evangelista: Mateus (ano A), Marcos (ano B) ou Lucas (ano C) e João, que aparece em dias de festa, solenidades e no Tempo Pascal. Em 2024 estamos no Ano B.

Em cada ano, acontecem os tempos litúrgicos: Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e Tempo Comum; e dentro dos tempos, existem as leituras semanais e as dominicais. Tudo muito bem organizado para favorecer a escuta da maior parte da bíblia durante três anos. 

Geralmente, a Liturgia da Palavra se divide em Primeira Leitura, Salmo Responsorial, Segunda Leitura, Aclamação ao Evangelho, Proclamação do Evangelho, Homilia, Profissão de Fé e Oração da Comunidade. Porém, durante a semana não existe a Segunda Leitura.

Terceira parte: Liturgia Eucarística

Tudo na missa está interligado e nos conduz ao ápice: o momento da consagração do pão e do vinho em corpo e sangue de Cristo. Então, feita a oração da comunidade, começa a Liturgia Eucarística, o coração de toda celebração. Logo, é importante toda a preparação até aqui.

Neste momento, a assembleia se põe em pé a maior parte do tempo. Inclusive, escutamos o evangelho em pé também, porque essa é a posição do ressuscitado! Logo, nos colocamos diante de Deus para com Ele entrar no mistério pascal do início ao fim. 

Este momento se organiza da seguinte forma:

1ª Parte – Canto da Procissão das Oferendas e preparação do altar;

2ª Parte – Oração Eucarística: Prefácio, Santo, Consagração e Louvor Final;

3ª Parte – Rito da comunhão: Pai-Nosso, Cordeiro de Deus, Canto da Distribuição da Comunhão, canto pós-comunhão e Oração após a Comunhão.

É importantíssimo o papel do sacerdote neste momento. A missa tem o padre como a ponte entre a assembleia e Cristo, sem o sacerdote não há consagração eucarística, apenas celebração da Palavra feita pelo diácono ou o ministro devidamente preparado.

Cabe à comunidade acompanhar em espírito de oração, responder às orações e observar os gestos sacerdotais. Quando acontece a consagração, nosso olhar deve se voltar para o altar em atitude de adoração ao grande mistério de amor que nos é oferecido gratuitamente.

Quarta parte: Ritos Finais

Terminada a comunhão, acontecem os avisos da comunidade e a bênção final, com a saudação do padre “O Senhor esteja convosco” e a resposta: “Ele está no meio de nós”. Em seguida, a bênção e o envio feito pelo diácono ou pelo presidente da celebração.

Terminada a missa, começa a missão. Levamos a vida de Cristo dentro de nós para todos os lugares, sem exceção. Por causa do seu conteúdo, a missa merece toda nossa atenção, participação, oração, escuta, gestos e também o silêncio por amor ao mistério celebrado.

Não assistimos à celebração eucarística, mas a celebramos!

Às vezes, erramos por achar que apenas o padre celebra a missa, mas não é verdade. O sacerdote é o presidente, e o povo, junto com ele, celebra a eucaristia. Logo, não assistimos à missa, mas a celebramos! Somos participantes ativos dessa graça.

Se você é servo, atua em alguma pastoral durante a celebração, sabe bem o tamanho da responsabilidade de favorecer o maior acontecimento de nossa salvação: a páscoa do Senhor. Mas todos nós precisamos de atenção para acompanharmos bem a missa.

Veja dicas simples, mas, fundamentais, para celebrar bem a santa missa:

  • Chegue com antecedência para se concentrar melhor na celebração;
  • Saúde o Santíssimo Sacramento e faça sua oração;
  • Faça a genuflexão, mas se não puder, esteja atento a todos os gestos da missa;
  • A consagração é o momento mais sublime. Não desvie sua atenção!
  • Evite o uso do celular e procure rezar e celebrar bem cada parte da missa;
  • Não saia antes da bênção final.

Por fim, as crianças nunca são um empecilho na santa missa, logo leve sua família, ensine às crianças a importância do temor a Deus, mesmo que elas não compreendam. Deus as acolhe como um Pai e sabe a hora certa de ensinar todas as coisas.

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